segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Objetivo: Tentar compreender a estrutura de um noticiário televisivo.

Cada vez que ligo a televisão na hora do telejornal, o meu posterior interesse depende do momento em que o faço. Se o timing for perfeito e acertar no horário de início, vou certamente ouvir as notícias mais importantes do dia (pelo menos devia ser assim). O problema é que esta seleção hierárquica varia muito de estação para estação... Se acerto no meio da programação, o futebol preenche os meus minutos seguintes. No final, as fotos dos telespetadores ou o próximo episódio da novela da noite são a minha ocupação.

Enfim...

Desde que entendo o que (supostamente) é o telejornal e passei a fase em que chorava por dar em simultâneo com os desenhos animados, comecei a prestar alguma atenção. É certo e incontestável que se trata de uma fonte de informação, talvez a única que ainda consegue fazer-se ouvir (e ver) em tempo (quase) real, num mundo onde a tecnologia nos domina por completo. Mas para mim assemelha-se mais ao menu de um qualquer restaurante...

Quando entramos num restaurante, a primeira coisa que fazemos é pedir a carta, menú ou o que lhe quisermos chamar. Primeiro comemos as entradas e, na maioria das vezes, perdemos o apetite para o que se segue. De seguida vem o prato principal, para nos deixar verdadeiramente satisfeitos (ou não). Por fim, a sobremesa para nos consolar o corpo e a alma. O telejornal é assim, simplesmente não temos opção de escolha e comemos o "prato do dia".

 Quando vemos um noticiário televisivo experimentamos as mesmas sensações que quando vamos ao restaurante. Somos muitas vezes confrontados com "entradas" que não pedimos, não queremos e não somos obrigados a comer; com "pratos principais" que nos deixam insaciados, satisfeitos ou mal-dispostos; e, no final, depois de uns "intervalos" de espera, apresentam-nos a "sobremesa" para nos adoçar a boca e fazer esquecer as indisposições anteriores.

É óbvio que existem diferenças visíveis no chapéu de cozinheiro ou na gravata, na faca de cozinha ou no microfone, na pronúncia natural ou na voz mecanizada. Mas as peças televisivas apresentadas são semelhantes aos pratos  preparados num estabelecimento onde os sabores antigos se misturam com a cozinha moderna. Ou o prato é delicadamente, cuidadosamente e meticulosamente preparado, escondendo por trás de aromas irresistíveis e de uma decoração inimitável o seu verdadeiro conteúdo, ou é elaborado sem o mínimo cuidado, transmitindo a sensação que é pior do que parece. No entanto, quando provamos, não é assim tão mau...

É este o mundo em que vivemos...

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